Intróito
Baseado nas leis reencarnacionistas foi que escrevi este livro. Somente
elas, traduzindo verdades vigorosas que os homens tentam negar a cada passo,
podem explicar os mistérios em que a humanidade se debate há milênios,
tentando compreender o passado através do estudo de outros povos e de outras
civilizações.
Este trabalho é despretensioso. No intuito de contribuir de alguma forma
para a atual necessidade de divulgação das leis básicas que regem a vida terrena,
voltei ao passado distante, buscando no arquivo da minha consciência milenar, a
história que procurei narrar, pura e simplesmente. Desejo esclarecer que se trata
de uma história real, extraída dos entrechoques constantes que outrora presenciei.
Como poderíamos explicar o segredo das civilizações mais antigas sem o
auxílio das leis a que me referi? Como explicar o adiantamento do povo egípcio,
cuja civilização existia milhares de anos antes da Era Cristã?
Seus conhecimentos científicos, gravados em hieróglifos, parte nas ruínas
dos templos ainda existentes, parte nas pirâmides, surpreendem o mundo de hoje
que ainda se orienta por esses escritos. Mas, como poderiam ser obtidos se não
possuíam telescópios, radar, rádio, telégrafo e outros instrumentos de
experimentação de que dispõe a ciência moderna?
O povo, por si mesmo, nada sabia, mas os sacerdotes que governavam
juntamente com o rei a quem chamavam faraó, eram os donos desses
conhecimentos. Esses sacerdotes reuniam-se amiúde, recebendo através da
prática mediúnica os conhecimentos científicos. Mesmo entre eles, existia a
seleção, pois que destas reuniões somente podiam participar os grã-chefes.
Houve mesmo um faraó chamado Ramsés II, que era contra a idolatria do
povo, o qual fazia imagens de animais e as adorava, rendendo-lhes homenagens.
Procurou instituir costumes menos bárbaros, porém de acordo com seus
conhecimentos espirituais.
Conhecedor das leis mais sagradas do monoteísmo que lhe eram reveladas
pelos sacerdotes de Ísis e Ivanhoé, quis abolir o culto da adoração dos animais,
porém, receoso da reação popular, pois o povo não estava em condições de
compreender um culto mais abstrato, consentiu que adorassem o Sol que,
jorrando sua luz magnífica, poderia simbolizar a potência divina.
Ainda hoje, já com os tempos mudados, peregrinando pelos vales
egipcianos de Tebas, de Tiocletes, podemos observar culturadores do astro-rei,
genuflexos, com a fronte no solo crestado pelo sol causticante. Remanescentes de
seus antepassados, não querem abolir suas crenças para evoluir. Entretanto, não
como no Ocidente, não da mesma forma, eles também conhecem Jesus e o
admiram.
Isentos da deturpação romana, conhecem um Cristo mais semelhante ao
que ele foi realmente. Aliás, seus conhecimentos sobre a reencarnação lhes
oferecem uma visão maior da realidade.
Em Tebas, principalmente, onde a civilização de outrora reinou, a aragem
do tempo transformou muitas coisas, porém, às margens do Mar Vermelho, ainda
encravadas em suas rochas bafejadas constantemente pelas ondas, existem
cavernas e hieróglifos dos sacerdotes ivanoenses quando se recolhiam à
meditação.
Recentemente, um cientista belga descobriu um desses recantos e tentou
decifrar suas égides, apenas conseguindo conhecer uma parte: tratava-se de um
culto a deus, oferecendo seus serviços, nesta existência e na próxima, como um
extravasamento de sua fé e certeza na reencarnação.
Tebas, magnífica cidade de guerreiros e luz, onde a púrpura dos faraós
cinzelou nos templos e castelos, magníficas construções arquitetônicas de pedra,
tijolo, gesso, mármore e ouro.
Se nos reportássemos àqueles dias, no ano 1200 a.C., veríamos suas ruas
repletas de gente, movimentando-se na labuta diária. Levantando a poeira dos
caminhos, muitos iam e vinham, incessantemente. Seus trajes bizarros constituíam
uma alegre sarabanda para nossos olhos. Naquele dia, porém, um sábado cheio
de sol que apesar de entardecer recrudescia ainda fervescente, o movimento era
maior e desusado. Todos com seus trajes festivos comentavam alegremente o
retorno de Pecos, guerreiro respeitado, que fora a Sídon, a fim de buscar os
escravos como de praxe era feito de tempos em tempos, para enriquecer o
Império, a mando do soberano. Geralmente, Pecos, para exercer tal incumbência,
levava consigo um número de soldados e lanceiros, pois embora o poderio do
Faraó dominasse toda a parte baixa do Mediterrâneo, não era sem trabalho que
conseguia seu objetivo. Geralmente procedia a uma “caçada” e como caçador,
agia furtivamente surpreendendo a presa. Tão bem desempenhava suas funções
neste setor, que granjeara a confiança do Faraó a ponto de chefiar seu exército de
guarda pessoal. O Faraó, mantido no poder pela violência, era odiado pelos povos
das terras subjugadas e receoso de um atentado, possuía um pequeno exército
sem o qual nunca saía do palácio e não permitia também que se ausentasse
deixando-o desguarnecido. Pecos era o chefe, o comandante desse pequeno
exército de lanceiros e quando se ausentava, era substituído por seu imediato,
homem de sua inteira confiança.
A cidade regurgitava, festejando o regresso de Pecos. Geralmente, ao
chegar a caravana, o Faraó dava uma grande festa em sua homenagem, e o povo
assistia do pátio externo, recebendo trigo e vinho à vontade, tocando alaúdes e
cítaras alegremente, improvisando danças, quando os efeitos do vinho se faziam
sentir, e esperando pelas sobras do banquete do palácio.
Muitos se deixavam empolgar pelos prazeres do festejo e a orgia
prosseguia até que todos, extenuados, rolassem por terra. No palácio, entretanto,
a festa constituía-se de um lauto banquete de finas iguarias e depois, quando
todos já estavam saciados, envoltos pelos vapores do vinho após a dança das
melhores bailarinas do palácio, desfilavam os escravos mais importantes, ou mais
interessantes, para serem ofertados a alguém.
Nesse ambiente, inicia-se a nossa história.
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